terça-feira, 18 de março de 2014

Como os imigrantes ajudaram na fundação do bairro

   Em uma década, a maioria dos moradores do bairro já era de origem judaica. Isto foi possível, por um lado, pela mudança de muitos italianos que preferiram morar em outros bairros, como Higienópolis, quando na gestão do prefeito de Prestes Maia prostitutas da região central foram transferidas para os prostíbulos das ruas Aimorés e Itaboca. Por outro lado, para os judeus recém chegados era conveniente morar numa região onde já estavam instalados representantes do seu povo. Isto lhes conferia a segurança da vida em comunidade e auxílios como trabalho, moradia e crédito. O bairro também já contava com sinagogas e escolas judaicas. Os novos imigrantes que não tinham ofício iam trabalhar nas oficinas de confecção têxtil montadas durante a década de 20 por judeus que já tinham experiência no ramo. Outros, trabalhavam a prestação, isto é, algum comerciante lhes dava uma quantidade de tecido que deveria ser vendida de casa em casa e paga posteriormente. 
   A partir da década de 60, começaram a chegar os sul-coreanos ao Bom Retiro. Estes imigrantes passaram a comprar as principais lojas do bairro, sobretudo nos anos 80, quando se beneficiaram de uma lei de 1982, que anistiava imigrantes ilegais. Neste período, os judeus começaram a migrar para bairros de caráter mais residencial. Isto aconteceu sobretudo porque as mais novas gerações de origem judaica constituíam-se de profissionais liberais que não quiseram continuar com os negócios da família. Até colégios tradicionais desta comunidade, como o Renascença, foram transferidos para bairros como Higienópolis que concentra hoje cerca de 40% dos judeus que vivem na cidade. 
   Atualmente, o Bom Retiro é uma mescla de várias culturas. Andando pelas ruas do bairro é possível encontrar judeus ortodoxos, restaurantes e docerias de comida judaica, a sinagoga mais antiga de São Paulo e o Taib - Teatro Alternativo Israelita Brasileiro. Encontra-se também em nomes de ruas, cantinas e instituições ligadas à Igreja Católica (como o colégio Santa Inês e Igreja Dom Bosco) a origem italiana da sua urbanização. Igrejas presbiterianas, restaurantes e a maioria dos estabelecimentos comerciais marcam a presença coreana. Ainda há gregos, lituanos e bolivianos entre os moradores do bairro.

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